Muitas
igrejas nos Estados Unidos têm usado métodos de evangelização
fundamentados em entretenimento — alguns tem chamado isso de
“teotretenimento” — para compartilhar o evangelho tanto a adultos como a
crianças. No caso dos adultos, o método geralmente envolve uma forma de
pesquisa do público-alvo e a criação de um culto evangelístico em que
tudo, desde a música até ao sermão, é estruturado com o propósito de
fazer com que as pessoas se sintam bem — uma abordagem do tipo “sente-se
e aprecie o show”. No caso das crianças, o método assume a forma de
grupos ou de Escola Dominical que gastam maior parte do tempo pensando
em atividades engraçadas que introduzirão disfarçadamente o evangelho.
Não há nenhuma razão para argumentarmos
contra a comunicação do evangelho de um modo compreensível, criativo e
provocativo. Mas a evangelização que assume a forma de entretenimento
tem algumas conseqüências perigosas. Lembre-se: aquilo com o que você
ganha as pessoas é aquilo para o que você as ganha. Se as ganha com
entretenimento, elas serão ganhas para o show, e não para a mensagem; e
isso aumenta a probabilidade de falsas conversões. No entanto, ainda que
elas não sejam ganhas para o show, métodos de evangelização
fundamentadas em entretenimento tornam o arrependimento quase
impossível. Não somos desafiados a abandonar nosso pecado quando nossos
sentimentos são afagados e nossas preferências, estimuladas. O evangelho
é inerente e irredutivelmente confrontador. Ele ataca a nossa justiça
própria e nossa auto-suficiência, exigindo que abandonemos o pecado que
amamos e creiamos em Alguém outro para nos justificar. Portanto, o
entretenimento é um instrumento problemático de comunicação do
evangelho, porque ele quase sempre obscurece os aspectos mais difíceis
do evangelho — o preço do arrependimento, a cruz do discipulado, a
estreiteza do caminho. Alguns discordarão, argumentando que a
dramatização pode dar aos incrédulos uma imagem visual do evangelho. Mas
já possuímos essas imagens. São as ordenanças do batismo e da Ceia do
Senhor e as vidas transformadas de irmãos e irmãs em Cristo.
Isso não significa que temos de abafar
toda a criatividade nos empreendimentos evangelísticos. Desejamos
encorajar a criatividade em descobrir maneiras de compartilhar o
evangelho. Isso significa que devemos ter cautela contra a dependência
do entretenimento para a “eficiência” da evangelização, especialmente
quando a evangelização acontece em nossas reuniões semanais para
adoração.
As igrejas são mais saudáveis quando o
evangelho é apresentado com mais clareza; e o evangelho é apresentado
com mais clareza quando nossos métodos de evangelização são mais
nítidos.
Deve ser por isso que Paulo dizia que era espetáculo para o mundo. Agora
entendi. Ele estava tentando entreter os incrédulos se expondo a tantos
perigos.
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